segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Circo da Dança

Venham! Venham todos! Senhoras e sem dores, sejam todos bem vindos ao grande “Circo da Dança”. Dancem como nunca dançaram em suas Vidas. Dancem com suas Vidas!!!
Sim, tu és nosso primeiro cliente da noite.


“And if a double-decker bus crashes into us, to die by your side is such a heavenly way to die. And if a ten ton truck kills the both of us, to die by your side, well, the pleasure and the privilege is mine.”


Primeiramente, eu te apresento, meu nobre companheiro, tua primeira parceira. Ei-la aqui; a Tristeza. Companheira crônica. Acompanhar-te-á nos balés da Vida, nos momentos de chuva, ou quando os edifícios cobrirem tua janela, e mesmo o mais ensolarado dia se tornar cinza. Dança com ela como se fosse tua amiga de longa data. Não como se fossem amantes, mas sim amigos descompromissados, que nada devem um ao o outro. Ambos cumprem suas funções. Ela te arrasa nos momentos em que deve te arrasar; tu choras e demonstras torpor e modorrência. Assim, sigam uma vida vivida como se deve, com seus esquerdos e direitos.


Ei, percebeste? A música mudou. “O sonho acabou” e Morrissey abandonou o The Smiths a mais de 20 anos. Agora, a pista de dança é invadida pela fúria industrial do Rammstein. É “Feuer Frei” que estou ouvindo? Sim... BANG-BANG!!! Isso quer dizer que tua companheira de dança te abandona, meu caro. Quem te toma pela mão desta vez é o Ódio. Presente em grande parte das relações humanas, ele se disfarça muitíssimo bem. Às vezes, vem acompanhado da hipocrisia, mas quando está sozinho, chega até mesmo a ser bonito. Creio eu que essa beleza advenha de uma associação com outra bela dançarina: a sinceridade. Mas, pouco importa. Seria o Ódio um bom dançarino? Tira tuas próprias conclusões, meu caro. A única coisa que te posso assegurar é que aquele que passa pela vida sem dançar com o Ódio, jamais terá o verdadeiro prazer de se enlaçar nos lençóis do Amor, pois é impossível explicar ao cego o que é a luz.


“Why have I become my sweetest friend? Everyone I know goes away in the end…”


A duração das canções é efêmera. Não é metafórico, pois assim também é a vida. Agora, vê, meu amigo, aquela séria dama que te oferece as mãos para um longo e apertado abraço. Seu nome? Dor. Esta é um pouco incômoda. Não gosta de separações. Não aprecia a beleza do “The End” nos filmes noir. Se permitires, ela dançará contigo pelo resto da noite. Ou da Vida. Mas ao menos, o abraço dela (que tem braços esquálidos quais os da própria Morte) é estranhamente reconfortante, como o de alguém que sabemos que jamais nos abandonará, por mais perigoso ou imprevisível que isso possa ser.


Eu vi alguns intrusos... Egoísmo, Arrependimento, Preconceito e mais alguns cujos nomes sequer merecem ser citados. Esquece-os. Estes em nada acrescentarão em tua Vida. A não ser que desejes horas e mais horas de dança perdidas, e varizes inúteis em tuas pernas.


O Circo continuará aberto por tempo indefinido, o ingresso é acessível, e temos Dark Room para maiores de 18 anos. Não vendemos bebidas alcoólicas, pois nas últimas vezes que tentamos, um rapaz confundiu a Simpatia com a Luxúria; e uma moça imaginou que o Preconceito fosse a Alegria.


Vem, nobre companheiro. O circo está aberto. Há somente duas ressalvas: toma cuidado com tua mochila e teus pertences, pois algumas pessoas perdem a linha ao se embriagarem de poesia; e use camisinha, pois a Vida é uma doença sexualmente transmissível.

MÁFIA EBM.

NADA PODE NOS PARAR!!!


Front 242: "Moldavia"

Um comentário:

JC disse...

A primeira dança tem q ser ao som de Sigur Rós,perfeito...companheira ingrata essa que chega repentinamente e nos enlaça.É dificil, nem todos acompanham seu ritmo..."E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." (Nietzsche).
xD q pseudo-intelectualidade a minha,um dia eu chego no seu patamar.Gostei mto do texto viu mademoiselle. Au revoir mon ami[e]?rsrs