terça-feira, 22 de setembro de 2009

TRINDADE E COLA ANAL

religião
ligare: para ligar, para amarrar
religiare: ligar rápido, acelerar
monoteísmo: a crença em um Deus, o que significa que atualmente a crença no Deus da NOSSA PRÓPRIA tribo, em oposição ao deus do OUTRO.

Atualmente, a fé do "monoteísmo" se refere a um manipulador aperto de mão (cumplicidade) do governo com os seus clérigos. Esta é uma forma de paganismo malevolente, no qual a apenas O Deus é o Deus da tribo, e todos os outros deuses são os deuses dos INFIÉIS.


Monoteísmo é usado pelos governantes ateus (praticamente todos os governantes são ateus, uma vez que praticamente todos acreditam que eles próprios são deuses, ou não acreditam em Deus), a fim de obter um poder sobre as pessoas que acreditam em um deus particular. Desta maneira, seguir a seu governante é facilmente mal-interpretado como a obediência a seu deus. Um bom exemplo pode ser encontrado na Turquia que se promove para a União Européia como um Estado secular, mas que é solidamente muçulmano, e pune todos os crentes como "inimigos da identidade turca". Qualquer armênio, qualquer grego, qualquer assírio, qualquer turco que publique material considerado "um insulto à identidade turca", pode lhe dizer isto em sua cela na prisão. Onde estão os templos de culto da Ortodoxia Oriental? Lembro-me de uma imagem de Duane Reade na caixa de um quebra cabeças, intitulada "The Saint Hagia Sofia Mesquita," uma fascinante propaganda, sem dúvida engolida inteira por muitos de americanos, como se não houvesse um adesivo de aviso que não dissesse, "Por favor, não coma as peças do quebra-cabeças. "

Punição de um infiel, um descrente, por exemplo, uma mulher ou homossexual, que, por definição, são "infiéis de nascença", é recompensada no céu com vinte virgens em algumas religiões. Uma recompensa muito nobre para punir negligenciadores da Fé.

Boa cidadania, ou mesmo o martírio, no entanto, em livros mais antigos da aprendizagem, livros muito mais velhos do que as do judaísmo, o cristianismo ou o islamismo, por exemplo, são considerados simples atos de justiça, e em casos extremos, o heroísmo. E esta ação é recompensada somente pelo conhecimento do protagonista de que sua alma não tenha sido dividida em seu corpo pelas tentações da hipocrisia, covardia ou ganância.

Nas grandes religiões pagãs que antecederam o Monoteísmo, mesmo que estes últimos existissem originalmente, o herói fez o que era comandado por seu espírito, a fim de morrer uma morte honrosa. Ele não acreditava em vida após a morte. Ele não esperava nenhuma recompensa por suas ações que não fosse a paz de espírito. Assim, o que são referidos como mártires por religiões que persuadem seus irmãos para fazer as coisas com falsas promessas de bem-aventurança celestial, não são mais do que os instrumentos não esclarecidos de supostos monoteístas, que muitas vezes são tiranos e ditadores.

Em um nível um pedestre pode citar as manipulações de Jim Jones, em uma escala maior, George Bush e suas torturas-interrogatórios dos infiéis de interesse, Shimon Peres, um dos grandes negadores do genocídios de quaisquer outros grupos étnicos que não fossem o seu próprio; Ariel Sharon, o assassino em massa de palestinos e muçulmanos libaneses, entre outros; ou Osama Bin Laden, um dos artistas de maior desempenho da mesma idade, que, na suite presidencial do Hyatt Regency, em pleno deserto - com sacos de areia - que foram, sem dúvida, transportado em meio a porões do hotel a um grande custo - enalteceu inspiradores atos de incalculável heroísmo. Indizível e invisível, exceto por câmera de vídeo.

(NYU Film School tem inspirado muito artista, apesar de nossa grande cidade não tem sido generosa com a irmã pobre de OBL, cuja carreira rock 'n roll foi praticamente devastada pelo irmão, bem como seu rosto, por algum saudita odiador de heréticos, em nome da cirurgia plástica.)

Isso tudo nos leva a cola-anal, húmus-Americano, que se afirma ter sido criado no Irã. O "Hum" foi usado apenas este mês pelas milícias iraquianas para colar o ânus de "bichas infiéis" antes de forçá-los a beber laxantes: o resultado foi afogamento ou uma explosão do trato gastrointestinal. A alegria com que o as notícias via telefone foram então passadas ao redor deve ter feito realmente uma boa impressão em Alá.

Eu acho que Ele deveria estar assistindo.

Afinal, Ele deve ter assistido, se é isso que acontece com os infiéis. Trata-se de sua culpa ou a culpa daqueles que, tendo lido apenas um livro, o leram de forma incorreta, ou é o livro que foi escrito incorretamente? É possível imaginar as intenções de um homem que leu um livro? E somente um livro? Ele pode ser considerado um homem em circunstâncias tão ignóbeis?

É possível imaginar as intenções de um homem que tem somente leitura do Antigo e/ou Novo Testamento? E cuja religião, como o extremamente ortodoxo judaísmo, retoca mulheres de todas as fotografias e as relega a cidadãs de segunda classe por causa "do livro?"

Não realmente. Estes são os que os Varvaroi¹ e os antigos gregos se advertiram a respeito, com grande desdém e sem medo algum. Estes homens pode justificar qualquer ação que cometem, assim como as crianças.

Por que a humilhação sexual, usada para torturar e interrogar todos os infiéis, é uma prática que continua hoje tão popular como tem sido há séculos? Não só o assassinato, mas o estupro do inimigo é obrigatória. Essa prática é o plantio da semente na bunda ou na vagina da infiel? É o estupro do Deus do inimigo? Isto soa próximo.

Dê-me um homem que tenha lido 400 livros e lhe pergunta se ELE iria fechar com cola o ânus dos "infiéis"? Aquele homem ri pelo uso desta palavra e diz: "Você se refere àquele cara no final do bar que bebe Guinness? Ele está certo - apenas apostas em um time de futebol que são uma porcaria ".

Um homem que tenha lido um livro é a própria ferramenta de um deus selvagem. Ele não é sequer um animal, porque animais matam para comer, não para torturar. Um homem que lidera um governo deve ter sido educado em algum momento de sua vida, a fim de ter atingido esta posição. Mesmo que ele seja um idiota, ele deve ter lido mais livros do que muitos de seus súditos. Desta maneira o fato de que nenhum presidente ou monarca ou líder de qualquer país ter falado contra a tortura e execução dos homossexuais, uma tortura que foi tão impudicamente encoberta no Iraque, me faz ter certeza de uma coisa: o monoteísmo pode ser exposto totalmente desnudo como um paganismo malevolente.

UM DEUS para o crente,

e para o incrédulo,

INFERNO NA TERRA É MUITO BOM.

Graças a P.D, R.M, Z.G. e I.D


------------------------------------------------------------------------------------------------- ¹ Myrtia (ou Varvarie, ou Varvaroi) é uma aldeia cretense tradicional, a uma distância de cerca de 15 km ao sul de Heraklion.

(Resposta à tortura e assassinato de homossexuais no Iraque)
GALÁS, Diamanda
26 de abril de 2009, em Nova York.


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Diamanda Galás by Austin Young

Tomei emprestadas as palavras desta que admiro, cada vez mais, não somente como musicista, mas também como pensadora e mulher, sendo mulher sinônimo de força, atitude e coragem.

Diamanda Galás: "The Iron Lady"

sábado, 5 de setembro de 2009

Sobre montanhas & crianças mortas.

[Ludwig van Beethoven: "Sinfonia n° 5 em Dó Menor"]
Existe uma montanha. Ela é grande, imponente e, muitas vezes, ameaçadora. Porém, como o ego humano sempre sente a necessidade de se inflar através de feitos memoráveis, alcançar o topo desta montanha é algo extremamente desejado. Por todos; os que assumem e os que se escondem atrás da máscara da hipocrisia.
[Ludwig van Beethoven: "Sinfonia n° 6"]
Este desejo, se não for algo sobrenaturalmente explicável, deve advir de questões de ordem cultural. Sabe-se que, desde a mais tenra idade, muitas mães incitam seus filhos a alcançarem o topo da montanha, sem saber muito bem a razão, mas imitando o comportamento de suas respectivas ascendências. Todavia, as mais pudicas e precavidas os advertem das superstições que rondam a grande montanha: a criança que alcança o topo morre. Simples e direto. A criança que alcança o topo morre. Por esta razão, muitos esperam chegar à idade adulta para se aventurarem na escalada. E não obtêm sucesso. Outros, por sua vez, consideram preferível se utilizar da infância se preparando para chegar ao cume. Estes, em geral têm mais êxito. Porém, é dito popular que, para toda regra, há uma exceção - sendo assim, ei-la aqui.
[Diamanda Galás: "Baby's Insane"]
Há uma criança que passou sua vida sem sequer se interessar pela montanha. O grande e constante interesse de todos a incomodava. Talvez, esta tenha sido uma das grandes causas que a levou a tal repulsa. Mas, embora muito desprendida dos valores que norteavam o mundo (sempre aos pés da montanha), a criança tinha alguns defeitos, comuns a todo o povo da planície, mas que nela, configuravam quase uma deformação social. A criança era orgulhosa. Estranhamente orgulhosa, pois o pouco que possuia, na realidade, não lhe valia muito. Porém, este pouco, sendo quase nada, era tudo para ela. A criança se obrigou a ser tão orgulhosa... Se obrigou para sobreviver. E, contra um mundo que pisa em gargantas para chegar ao topo da montanha, ela se revestiu com as armas que tinha, mesmo sem entender muito bem por que, ó maldição, aquela já maldita montanha causava tanto furor. Sem entender muito bem por que, ó maldição, aquela já maldita montanha causava tanta dor. Suas armas foram a arrogância, a prepotência e o ódio. Sim, a criança tinha ódio (e sabia que aquilo era mau para ela).
[Les Joyaux de la Princesse: "Exode"]
A criança decidiu que a única forma de acabar com a dor causada pela maldita, mil vezes maldita montanha, era conquistando seu topo. Mas, muito consciente, recordou as advertências maternas acerca de "crianças que chegam ao topo da montanha". E preferiu sofrer a causar sofrimento, como bem foi ensinada por algum beato de sobrenome semelhante. Sentir toda dor da gota de vinagre que visita a ferida aberta por um anzol. Toda a dor multiplicada por mil. A criança preferiu, pois lhe foi incutida desde tempos imemoriais, uma absurda fé. Um sentimento de esperança inexplicável, que lhe dizia que a justiça haveria de prevalecer no último episódio da novela das 8. E , munida desta fé (que não lhe fazia otimista, apesar de tudo) a criança seguia. Amarga.
[Diamanda Galás: "Ain't No Grave Can Hold My Body Down"]
Um belo dia, vendo que a mãe já não mais se sentia na obrigação de lhe orientar, por considerá-la suficientemente madura, a criança decide, com todo o conhecimento adquirido em anos de humilhação, escalar a montanha. Seu indestrutível (mas já extremamente abalado) orgulho a levou a isso. Suas arrogância e prepotência a fariam humilhar todos aqueles que dela fizeram chalaça. A criança subia. Estava escrito (ou, como diriam os habitantes da planície, obcecados pela montanha; "Maktub"). De fato, a escalada não era fácil. Mas o fato de ver, sempre a seu lado, alguém também tentando alcançar o cume... (pausa: alguém definitivamente acha que a criança se enchia de alegria pela possibilidade de "fazer um novo amiguinho" quando via mais alguém a seu lado escalando? Se sim, sugiro que retorne ao início da narrativa e a leia com maior atenção) ... a fazia pensar em todos aqueles que haveriam de respeitá-la e se humilhar a seus pés, posto que aqueles todos que escalavam a seu lado nada mais eram que representantes do povo da planície. Eles precisariam viver para sofrer. Sofrer tudo o que a criança havia sofrido. Naquele momento, embora socialmente vistas como imorais, a vingança e o ódio eram os principais combustíveis daquela criança. Somente chegando ao topo, ela seria respeitada. Somente chegando ao topo, ela faria com que todos os vermes da planície experimentassem de seu maldito veneno!
[Diamanda Galás: "Ter Vogormia"]
A criança era incansável. Não se importava com dor (já havia se acostumado após tantos anos de convivência), privação, fome, sede ou outros incômodos. Tirava do ódio sua força. E enquanto fazia sua odiosa marcha em direção ao tão distante e aparentemente (para o povo da planície; não para ela) inatingível cume, muitos eram os que desistia ou morriam nas tentativas. Corpos caiam, distorcidos pelo frio ou pela inanição. Peles ressecadas pelo sol. Ossos já esfarelando, de cadáveres dos que há muito haviam, sem sucesso, tentado. Mas cada vez mais, a criança se aproximava do cume. Em uma proporção relativamente oposta, quanto mais alto ela chegava, menor era o número de pessoas a seu lado. Não que isso fizesse grande diferença, posto que a solidão nunca deixou de lhe ser companheira e secretária antiga de incontáveis mágoas.
[Sopor Aeternus: "An die Sterne"]
Já era possível visualizar o topo. Ao lado da criança, já não havia absolutamente ninguém. Com mais um ou dois dias de esforço sobre-humano, ela estaria no ponto mais alto, aquele onde poucos ousaram chegar. Naquele momento, ela ponderou que, na realidade, em seus poucos anos de vida, jamais ouvira falar sobre alguém que tivesse, de fato, chegado ao topo. Estranho, afinal, aquela montanha era quase folclórica, de tão famosa. Mas, após uma quantidade relevante de tempo (em condições extemas, as noções de tempo, espaço e realidade se nublam), ela estava no tão famoso cume. Quão imensa foi sua decepção. Nada havia por lá, a não ser algumas pedras, tão ordinárias quanto as da planície, e uma inscrição na rocha, que dizia o seguinte: "Havia uma criança ao pé desta montanha. Ela está aqui?". Ao ler isso, a criança começou a chorar.
[Diamanda Galás: "Anoixe"]
Quando a criança retornou à planície, pronta para contar a todos seu grande feito, se deu conta que ninguém a compreendia. Era como se ela estivesse tentando se comunicar através de um idioma desconhecido pelo povo. Ela era simplesmente ignorada. Seu grande feito, desprezado. Seu orgulho parecia de nada mais valer. Ela estava tão sozinha como nos últimos momentos de sua escalada. Ela via aqueles que poderiam estar a seu lado caindo. Poderia tê-los ajudado, mas já havia se preocupado demais com vidas alheias e precisava cuidar da sua. Agora, ela possuia toda a vida que quisesse, para permanecer solitária eternamente. Maldita montanha.
[Der Blaue Reiter: "Prologue: Into the End of the World"]
Mas ainda que estivesse solitária em sua língua individual, ela pensou que algo de bom ainda poderia ser aproveitado desta história: ela estava viva, o que comprovaria a mentira da superstição repetida ad infinitum por todos da planície. Todavia, quem a ouviria? Quem a reconheceria? Seu corpo era outro. Seu rosto, idem. E mais que isso, será que quem chegou ao topo foi a mesma criança que se encontrava ao pé da montanha? Seria aquela inscrição falaciosa?
[Rome: "Who Fell in Love with the Sea"]
Não. A criança morreu.

sigur rós: "Untitled 01 - Vaka"