sábado, 5 de julho de 2008

Satine

A tosse me leva a pensar no momento no qual Satine e sua moléstia letal se farão presentes.

[Ana Carolina: “Notícias Populares”]

Satine? Sim, aquela que morre em Moulin Rouge. O quê? Você não havia assistido e eu contei o final do filme? Não tem problema; na verdade este é o início, o que me faz lembrar Machado de Assis, caso este não tivesse se rendido ao Realismo. Lembro-me de Satine em um sem-número de aspectos. Mais que isso – assemelho-me a ela em grande parte deles.

[Lacrimosa: “Durch Nacht Und Flut”]

Satine cantava que os diamantes são os melhores amigos de uma garota. Ela era uma prostituta. Vendia seu corpo em troca de dinheiro. Pois bem; nem mesmo toda a postura metrossexual pôs-me dentro dos padrões de beleza social, logo, não teria muito sucesso vendendo meu corpo. O que me resta é vender minha alma e minha dignidade. Talvez, em um mundo de feras [onde invariavelmente, sente-se também a necessidade de ser fera], este seja o único meio de encontrar um pouco de paz.

[Sigur Rós: “Hjartað Hamast Bbamm Bamm bamm)”]

Consideremos também a fraqueza de meus pulmões em breve há de transformar-me no mais novo tuberculoso da galáxia. A tosse em breve virá acompanhada do mesmo sangue que sela a história com a máscara da tragédia. Será porque os bacilos de Kock são extremamente poderosos? Não, creio que a opção de perder o jogo de cabeça erguida é muito mais coerente. Perder a vontade de viver... Poético e constante. Uma grande sorte é a existência de seres que ainda assim fazem valer a pena suportar tais provações. Pois, dependendo, somente de mim, a cicuta brindaria meu último coquetel

[Laibach: “Espana”]

Satine morre.



Laibach: "Opus Dei"

3 comentários:

Amanda Beatriz disse...

eu assisri Moulin Rouge, mas faz tanto tempo que nem lembro da Satine! Amei o post!
Beijos!

Xavier disse...

Tá vendo só como eu sei que Neostesia dará futuro! Demais!
Quero ver o filme!


Bjus!

Anônimo disse...

Embasbacada.. quase perplexa eu diria.. Engasguei, como já é de praxe, fiquei com as mãos levemente trêmulas.. Se dependesse só de mim, eu nunca seria seu último brinde. [...]
Te vi como frágil mortal e como frágil e como mortal pela primeira vez;
Essa taça de cicuta não quer ser tua derradeira, quer ser teu elixir de forças.