terça-feira, 14 de outubro de 2008

Luz & Escuridão

Luzes

As luzes brilham claramente pelo nevoeiro de sódio.
A noite se aproxima e a luz do dia se vai.
Ignore as vozes, rejeite o dia,
Pela novíssima escuridão, pelo reluzente êxito.

Bem, devem ter havido planos melhores
Mas nenhum que eu pudesse entender.
O sinal da esmeralda, o verde sobre o preto...
As luzes dizem: "mova-se"; dizem: "nunca olhe para trás".

E então eu encontro outro lugar onde eu nunca fui visto.
Encontro outro lugar onde a chuva fica verde.
Onde a esmeralda cintila na escuridão novamente.
Onde a esmeralda cintila na chuva.

As luzes brilham claramene pelo nevoeiro de sódio
A noite se aproxima e a luz do dia se vai
Mas há uma voz distante, quieta e clara,
Dizendo algo que eu nunca quis ouvir.

Bem, devem ter havido planos melhores
Mas nenhum que eu pudesse entender.
Eu vejo a esmeralda, vejo o sinal, vejo o verde sobre o preto.
Eu vejo as luzes dizerem: "mova-se", dizerem: "nunca olhe para trás".

E então eu encontro outro lugar onde eu nunca serei visto.
Encontro outro lugar onde o vermelho vira verde.
Onde a esmeralda cintila na escuridão novamente
Onde a esmeralda cintila na chuva, chuva, chuva

E eu estou feliz aqui
Na chuva
Na chuva
Na chuva, na chuva eu estou feliz aqui
Na chuva
Onde a esmeralda cintila na chuva.

The Sisters of Mercy
Lights
Some Girls Wander By Mistake
Mercyful Release
1992



~//~

[Das Ich: “Dorn”]

Vejo-me envolto em escuridão. E isso sem dúvida alguma me agrada. Talvez por “imaginar minha vida como um musical dos anos 30”, mas sem a parte branca dos filmes noir? – Talvez. Mas eu acredito que meu Amor pela escuridão tenha origens que eu, até pouco, desconhecia. É algo muito maior que o simples apelo visual. Algo que com sombra e sem dúvida, oblitera a estética. A presença satânica em meu ser? Se Deus é Amor, e Satã é progresso, definitivamente sou um acólito do segundo e sua escuridão me é companheira. Mas afastando-nos das adjacências da religião, crenças e amigos imaginários, possuo uma justificativa simples: eu odeio o caminho da mão direita. Eu odeio a luz.

[Opera IX: “Act II: Beyond the Black Diamond’s Gate”]

“A luz brilhando claramente pela neblina de sódio. A noite se aproxima e a luz do dia se esvai.” – assim foi dito por Andrew Eldritch em sua irrepreensível obra “Lights”. Ele, também, um dos que sarcasticamente zombava da luz. Zombava da “pseudo-fé” dos seguidores da luz. Mas será que, ao referir-se à luz, fala-se da entidade, do fenômeno, da companhia elétrica ou simplesmente da inocente e descompromissada alegria que causa inveja aos que residem na escuridão? Abram suas mentes, pois, uma vez aberta, assim como o esfíncter, ela nunca mais voltará ao tamanho original.

[Diamanda Galás: “Je Rame”]

Delimitemos o que seria, então, o caminho da luz. De acordo com minha vida e experiência de 22 invernos, o caminho da luz:

· Excomunga os que caminham na escuridão;

· Afirma desejar que a humanidade lhe siga;

· Faz uso de poderes da escuridão em nome da manutenção de sua própria glória;

· Domina mentes, se mostra belo e vistoso aos olhos de todos e invariavelmente responsabiliza à escuridão por suas próprias atrocidades.

Mas neste estranho panorama, agora que está delimitado o que caracteriza o caminho da luz, eu tenho algumas observações a realizar acerca de cada tópico iluminado. Primeiramente, parece-me extremamente estranho afirmar desejar todos sob a glória da luz, e ao mesmo tempo, excluir e execrar os que vagam pela escuridão. Estranho, mas coerente, afinal, nestas engrenagens de pensamentos, uma chave inglesa travou todo o funcionamento da máquina da seguinte maneira: SE não há luz para todos, a escuridão é absolutamente necessária. SE os que permanecem na luz calcam suas posições nas costas dos que vagueiam em trevas, elevar as trevas à condição de iluminação significaria perderem seu sólido e ebâneo alicerce. SE não faz sentido as trevas desejarem socorro por parte da luz, e muito menos sentido faz as trevas desejarem se igualar à luz, se faz necessária a destruição da luz.

[Therion: “Clavícula Nox”]

Sim, meus caros. As trevas hão de dominar, após a morte da luz.

[PJ Harvey: “Pocket Knife”]

E no mundo pelas trevas construído e dominado, a luz há de se curvar. A luz que hoje dá esmolas para afastar o remorso da consciência [e talvez o lixo humano da sociedade] haverá de se arrastar, descalça, suja e trajando trapos, nas estações de metrô por ela outrora freqüentadas. A luz que hoje desrespeita a individualidade e as idiossincrasias haverá de ter como único ponto de igualdade a dor eterna! A luz que hoje incinera o prostíbulo após o devasso e delicioso orgasmo lá obtido, haverá de encontrar seu destino com a genitália esmagada sob saltos agulha das mesmas prostitutas deformadas que lhe entregaram os corpos para a “negra luxúria”.

[The Sisters of Mercy: “Body Electric”]

E por que tudo isso, você deve estar se perguntando, não é? A resposta é simples, simples como beber água: Dor. A luz causa dor. A luz deve ser destruída em meio ao mar de dor por ela criado.

Relato de quem teve costas, joelhos e auto-estima feridos pela luz, e que hoje dedica sua existência à destruição da mesma.

Nine Inch Nails: “Closer”

4 comentários:

Xavier disse...

Mta luz é cegante... Essas pessoas mto ilumindas acabam sendo cegadas. E quem vive na escuridão, não tem esse problema. Chega uma hora que a gnt até se acostuma com o escuro, e passa a enchergar...

Eu não sei dizer como sou. Se sou mais luz do que escuridão ou vice versa. A Amanda fala que eu sou uma antítese. Acho que na verdade eu busco o equilibrio dos dois. (palavras de uma futuro designer, o equilibrio é quase tudo).

Anyway...

Bjos e td de bom!

Su disse...

eu vou precisar de um tempo pra refletir sobre a questão
hehehehe

mas eis um comentario que oui essa semana mesmo sobre o tema:

Ás vezes o melhor é ficar no escuro, pois se na escuridão há medo, há também a esperança.

beijos my dear.
Severina!

Amanda Beatriz disse...

credo allan! às vezes você me assusta, sabia?!
beijo!

Anônimo disse...

Amo a escuridão,pois nela mesinto segura.Mas definitivamente,prefiro ser uma filha da luz.

Ps:huhuhu,Systers of Mercy inventou Matrix!