terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Disléxicos devaneios ao som de Zé Ramalho...

[Ao som de “A Dança das Borboletas”]


Devaneios? Sim, talvez... Talvez produtos de uma já tardia e não curada esquizofrenia... Algo que cresceu junto comigo e já não pode (ou não deseja) me abandonar. Acredito que estas linhas representem mais uma carta a uma companheira de longa data, discreta, porém sempre marcante: seu nome é Didi.


[Ao som de “Pelo Vinho E Pelo Pão”]


Aliás, Didi para os íntimos como eu. Para todos os outros que não compartilham de tal intimidade, que se refiram a ela por seu verdadeiro nome: “Prazer, Dislexia Nervosa.”


[Ao som de “Bicho de Sete Cabeças”]


Eu sei, no meu íntimo, que você é culpada (não seria esta uma palavra muito forte para se referir a uma amiga que me acompanhará até o fim de meus dias? Fica a seu critério, caro leitor, decidir) por erros primários. Culpada pelo ridículo passado em público por diversas vezes. E, depois de ter tido minhas ligações nervosas embaralhadas e meu córtex lógico deturpado como que pelo álcool que repudio intensamente, volto-me a um ponto chave: por quê? Fiz eu algo de muito maligno? Ou seria unicamente para que os “normais” possam ter um belo objeto de chacota? Ah, Didi, se você soubesse quantos anos eu amaldiçoei a mim mesmo, sem saber que, por trás de tantas tristezas e raivas, era você quem estava lá, rindo silenciosamente. Mal sabia eu que a “estupidez clínica” era real e séria. Eu poderia simplesmente ser mais um idiota, mas na minha vida, a normalidade sempre dará lugar ao mais elegante; e sempre será mais elegante atribuir seus problemas a uma palavra de difícil pronúncia, não é, minha cara moça do nome impronunciável?


[Ao som de “Avohai”]


De fato, serei eternamente amarrado a você, mas seu riso sarcástico cessa aqui (“... na pedra de turmalina e no terreno da usina eu me criei...”). Não sou o títere [Ao som de “Eternas Ondas”] que brinca falsamente entre seus dedos. Não é o mestre que me prometeu apenas mentiras. Por conseqüência, não mais ouvirei risos voltados a meu pranto. Não mais haverá razões para tal.


[Ao som de “Ave de Prata”]


Este é o fim, cara Didi. Mas apenas para você, que volta para detrás das cortinas. Não queira mais luz. Não inveje a luz alheia. Busque suas próprias estrelas, ou brilhe pela luz da lua de outono que aparece no verão. Mas brilhe sozinha. Suas longas e afiadas unhas não mais hão de cravar-se na pele de minhas costas como pecados marcados a ferro quente. Este é o fim.




Suicide Commando: "One Nation Under God"

Nenhum comentário: