quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cachos Vermelho-Sangue

Tudo que eu odeio se mesclando a tudo que eu amo. Isso é Dulce. Mas não qualquer Dulce. Esta é a Dulce que chegou como um belíssimo e inesperado entardecer, atacando minhas retinas doentes. Deve ter sido algum ataque dotado de grande violência, pois agora, só vejo o sangue espalhado. Vejo tudo em Vermelho-Sangue. Será que foi a violência?

Pois é, acabo de descobrir que não. Descubro que agora, só enxergo
Dulce - Vermelho-Sangue
.

Me espanta, sua passagem (efêmera, como tudo aquilo que a ela se refere) por diferentes universos, porém, com um encantamento repugnante único. Um amor odiável único. Ao sentí-la em meio às fantasias de aeromoça, nada poderia passar por minha mente a não ser o repúdio à vulgaridade. Mas não.
Ao vê-la envolta em simples folhas de papel rasgado, tentando em vão, se proteger do ataque torrencial, eu nada poderia fazer a não ser, assim como outros fotógrafos, tomá-la por estúpida. Mas não.
Ao me deparar com seu cigarro e seu desprendimento de regras e de sanidade, todo meu moralismo me leva a recriminá-la. Mas, mais uma vez, e outra vez, e repetidas vezes, não.

Por quê? Por que, porra! (eis aqui meu moralismo falso, que me abandona ao menor sinal de descontrole. Talvez, se eu tivesse algum desprendimento de regras e sanidade...)

Não consigo conter o furacão de palavras silenciosas que me inundam ao deparar-me, cada vez mais e cada vez mais com a Dulce - Vermelho-Sangue que decidiu se instalar definitivamente no fundo das minhas retinas! Nem quando a vejo entre palavras e silêncio; nem quando me deparo com outros que, assim como eu, conseguiram amar e odiar Dulce inúmeras vezes.

Ei, eu amei Dulce? Isso não é racionalmente possível. Dulce é tudo que eu desprezo. Todas as suas atitudes me enojam. Sua liberdade vulgar me causa asco.

Sua liberdade vulgar me causa asco. Todas as suas atitudes me enojam. A Dulce - Vermelho-Sangue é tudo que eu desprezo. Isso não é racionalmente possível. Mas eu amei Dulce.

(Vejamos.. talvez, eu tenha um certo desprendimento de regras e sanidade...)

Não qualquer Dulce. A Dulce - Vermelho-Sangue que não abandona minhas retinas, que agora, só vêem em vermelho. Vermelho-Sangue.



Dulce nasceu de si mesma uma flor de lótus;
inventou todas as ciências em meio à chuva torrencial do mundo de sofismas;
voltou às suas origens como a serpente que devora a própria cauda;
foi silenciada em meio a palavras como as que me insufla;
chegou ao paraíso da excomunhão e ao inferno da canonização
e insiste em me ferir a retina de Vermelho.

Inebrio-me de Dulce - Vermelho-Sangue e espero sua próxima atitude odiosamente apaixonante...


this Mortal coil: "(Nothing But) Blood"

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Alle Gegen Alle" - LSS

Alle Gegen Alle, ou em bom português, "Todos contra todos". Não é isso que o mundo no qual vivemos representa? Um devorando o outro? Os interesses pessoais sobrepujando o desejo de ajudar o próximo? O dinheiro obliterando todos os limites daquilo que se convencionou chamar de respeito & amizade? Talvez, seja isso mesmo, mas fortes são aqueles que, mais que suportar o rompimento de metacarpos e tendões, sabem viver em um mundo de bestas sem ter que, necessariamente, tornarem-se bestas. Fortes são as árvores que sabem se curvar para esperar o vento passar e, quando acalma a tempestade, voltam ao seu prumo; enquanto as prepotentes e frondosas que permanecem firmes são arrancadas. Forte é você, e isso eu sei desde que a vi pela primeira vez (tem que ser forte para usar uma camiseta do Sick Terror...).

Não pense que estou aqui para passar a mão em sua cabeça ou dizer coisas bonitas e românticas. Isso é fuga da realidade, coisa que ao longo do tempo que compartilho de sua amizade, percebi não lhe ser necessário. Fuga é para fracos. A realidade é, de fato, pesada. É a realidade "Alle Gegen Alle" que rodeia, mas existem no mínimo quatro dimensões dela a serem analisadas, e se crucificar em uma delas é derrotismo. É decepcionante. Indigno.

Há uma canção de um músico extremamente brilhante e irrascível, Charles Mingus, de nome "Pithecanthropus Erectus". O contrabaixo segue nesta obra um caminho que dita regras a toda a harmonia... e no entanto, ele parece não se importar muito com isso. Ouve-se o contrabaixo como se o mesmo desenvolvesse outra canção, independente dos outros instrumentos. É disso que a mensagem trata. Você veio ditando regras para si mesma, ou talvez, seu Other-self, durante toda a vida. Com tudo de bom e ruim que isso pode trazer. Como o contrabaixo de Mingus.

A humildade é o principal caminho para a honra, falando de lutador para lutadora. Aceitar o bem que alguém pode te trazer é a maior prova de humildade que alguém pode ter. Porém, esse bem é compartilhado e dividido, para se multiplicar nas vidas daqueles que o compartilham. Esse bem não é alugável, ou mesmo posse de alguém. Esse bem faz parte de você, para que agora, você faça com ele o papel que foi feito na sua vida.

Você mudou, amiga. Seus cabelos, sua voz, suas expressões, seus haikais, suas roupas, seus hematomas e até mesmo suas tatuagens. A dor é natural ("... e nem sempre algo negativo", como você me ensinou); os leões (sim, eu ainda ODEIO astrologia), quando ferem a pata, se resguardam em algum local recôndito da savana, e lá, lambem suas feridas até que elas estejam minimamente recuperadas. Não se sinta mal ou errada por sentir isso. Mas o inadmissível é se render ao derrotismo, procurando razões para alterar um passado que é fato. Isso é indigno. Essa não é a atitude de uma verdadeira Thai!

Aaaaahhh!!!
Acabei de sair da
minha primeira
aula de muay-
thai! Eeeeee!!! Eh
muito legal!
Adorei!

Remetente:
LSS
011XXXX9443

Recebida:
22:41:49
30/09/2008

Sim, é uma honra para mim também...
  • Cicatrize suas feridas, mas não tente abrí-las mais como forma de auto-punição;
  • Lembre-se das coisas boas e de tudo o que delas ficou em sua essência, mas não se lamente por quaisquer aspectos negativos, afinal, além da inegável experiência, eles não lhe agregam mais valor;
  • Grite, se tiver que gritar. Chore, se tiver que chorar. Toque, se tiver que se machucar. Ouça Sigur Rós se quiser se matar. Ouça Laibach, se quiser matar alguém. Mas lembre-se: o mundo não parou. As pessoas que gostam de você ainda gostam de você, e vão entender a realidade das coisas. E continuar gostando de você, pois você consegue iluminar a vida das pessoas, mesmo trajando preto da cabeça aos pés. Talvez, seja o lightsaber...
Você é especial, o era antes e não há razão para crer tê-lo deixado de ser. Valores se agregam, não se dividem. Você hoje é LSS plus, e amanhã, será uma versão melhorada.


Primeiro. Esforçar-se para formação do caráter.

Primeiro. Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.

Primeiro. Criar o intuito de esforço.

Primeiro. Respeito acima de tudo.

Primeiro. Conter o espírito de agressão.

Quando você lê o Kun (mandamentos) provavelmente notará algo.
Cada linha começa com primeiro, porque? Por que não segundo, terceiro, quarto e quinto?
O mestre Funakoshi entendia que nenhum item do Kun fosse mais importante que o outro. Por isso, cada item foi numerado como sendo o primeiro.

Esse é o meu código de honra. Respeito acima de tudo é o que deixo para você. Se respeite. respeite sua dor, mas mais que isso, respeite a Força que você tem para compreender o quão verdadeira, especial e única você é.

Minha amiga, à 1h56min desta sexta feira, eu troco meu sono para escrever esta verdade que, como tenho respeito por mim mesmo, não poderia deixar confinada em mim, sufocando-me.

Eu acredito em você. Eu confio em você. Antes , agora e sempre.

Ponto.

The Sisters of Mercy: "Alice"