sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Anti-Sionismo

[Laibach: “Nippon”]

Nós somos o povo escolhido por Deus.

Nós representamos todo o sofrimento e toda a superação, e isso nos confere a perfeição sob os olhos do Senhor.

Nós baseamos a justificativa de nossas ações em verdades que são genuínas somente para nós.

Nós havemos de encontrar o Paraíso, e se, para que isto ocorra, alguns devam ser sacrificados, que assim o seja.

Nós defendemos nosso solo sagrado, e se, para que isto ocorra, alguns devam ser sacrificados, que assim o seja.

Nós quase fomos destruídos por aqueles que não demonstram o mínimo de compaixão ao defender seus interesses. Verdadeiros monstros.

Nós destruímos quem cruzar nosso caminho, pois defendemos sem misericórdia nossa honra e nossos interesses. Verdadeiros heróis.

Nossa Terra Sagrada foi usurpada por um povo de crenças bárbaras e costumes repugnantes, mas havemos de limpar nosso amado solo destes vermes imundos.

A supremacia de uma raça é uma barbárie sem igual. A única supremacia que pode ser defendida, por ser absolutamente diferente, é a supremacia do credo. Do nosso credo.

Vivemos sob a glória de Deus, e abençoados com o dinheiro que corre pelo mesmo mundo dos pagãos.

[Christian Death: “StairsUncertain Journey”]

Controlamos a maior nação do mundo, e graças a eles, podemos manter nosso Estado, tendo como bode expiatório o povo que outrora [quando abandonamos nossa tão sacra terra] nos usurpou.

Nós demonstramos como sobrevivemos a tudo, simplesmente sendo mais violentos e destruidores que aqueles que tentaram nos eliminar.

[Celtic Frost: “Necromantical Screams”]

Nós fechamos um círculo de Poder indissolúvel, mas isso não representa, de forma alguma, segregacionismo ou apartheid.

Nós exaltamos nossa superioridade perante o resto do mundo, mas não nos comparamos aos monstros que planejavam nossa destruição.

Nosso poder é tão evidente que qualquer manifestação que nos ofenda, ou que cite os que planejaram nossa absoluta extinção, é considerada crime, passível de sanções legais.

Estamos acima da liberdade de expressão.

Estamos acima da lei, pois nossa lei monetária é a que orienta o mundo.

O mundo será eternamente responsável por nosso sofrimento, logo, estamos livres de qualquer responsabilidade.

O povo inferior que disputa, em vão, nosso solo sagrado conosco, haverá de sucumbir perante a “demonização” realizada por aqueles que nos servem.

O sangue dos cordeiros que nos protegeu a caminho de Canaã será mais uma vez derramado.

Nosso livro sagrado diz: “Não ajuntais tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem.”, mas mesmo assim, os bancos da nação mais poderosa do mundo estão recheados do nosso capital.

Nossa estrela sextavada é tão manchada de sangue quanto as suásticas usadas por Hitler ou a foice e o martelo erguidos por Stalin, mas ainda assim é visto como símbolo de orgulho.

Nós temos orgulho em ser sionistas.


Bandeira da OLP.

[this mortal coil: “Carolyn's Song”]

Israel é um Estado Terrorista. Palestinos foram sumariamente expulsos de terras que ocupavam a gerações, em um processo muito semelhante ao de Varsóvia. A supremacia do credo judaico me faz lembrar tal supremacia ariana. Enfim, os sionistas não estão muito longe dos nazistas, mas há uma diferença entre as duas correntes de pensamento: os Nazistas são assumidamente crentes em sua superioridade, os sionistas, não.

E tudo isso por ver uma camiseta com a estrela de Davi, tendo os seguintes dizeres: “Israel: O Povo escolhido por Deus”. Eu teria vergonha de ter como meu povo escolhido um Estado Terrorista.


Ludwig von Beethoven: "Moonlight Sonata"

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Luz & Escuridão

Luzes

As luzes brilham claramente pelo nevoeiro de sódio.
A noite se aproxima e a luz do dia se vai.
Ignore as vozes, rejeite o dia,
Pela novíssima escuridão, pelo reluzente êxito.

Bem, devem ter havido planos melhores
Mas nenhum que eu pudesse entender.
O sinal da esmeralda, o verde sobre o preto...
As luzes dizem: "mova-se"; dizem: "nunca olhe para trás".

E então eu encontro outro lugar onde eu nunca fui visto.
Encontro outro lugar onde a chuva fica verde.
Onde a esmeralda cintila na escuridão novamente.
Onde a esmeralda cintila na chuva.

As luzes brilham claramene pelo nevoeiro de sódio
A noite se aproxima e a luz do dia se vai
Mas há uma voz distante, quieta e clara,
Dizendo algo que eu nunca quis ouvir.

Bem, devem ter havido planos melhores
Mas nenhum que eu pudesse entender.
Eu vejo a esmeralda, vejo o sinal, vejo o verde sobre o preto.
Eu vejo as luzes dizerem: "mova-se", dizerem: "nunca olhe para trás".

E então eu encontro outro lugar onde eu nunca serei visto.
Encontro outro lugar onde o vermelho vira verde.
Onde a esmeralda cintila na escuridão novamente
Onde a esmeralda cintila na chuva, chuva, chuva

E eu estou feliz aqui
Na chuva
Na chuva
Na chuva, na chuva eu estou feliz aqui
Na chuva
Onde a esmeralda cintila na chuva.

The Sisters of Mercy
Lights
Some Girls Wander By Mistake
Mercyful Release
1992



~//~

[Das Ich: “Dorn”]

Vejo-me envolto em escuridão. E isso sem dúvida alguma me agrada. Talvez por “imaginar minha vida como um musical dos anos 30”, mas sem a parte branca dos filmes noir? – Talvez. Mas eu acredito que meu Amor pela escuridão tenha origens que eu, até pouco, desconhecia. É algo muito maior que o simples apelo visual. Algo que com sombra e sem dúvida, oblitera a estética. A presença satânica em meu ser? Se Deus é Amor, e Satã é progresso, definitivamente sou um acólito do segundo e sua escuridão me é companheira. Mas afastando-nos das adjacências da religião, crenças e amigos imaginários, possuo uma justificativa simples: eu odeio o caminho da mão direita. Eu odeio a luz.

[Opera IX: “Act II: Beyond the Black Diamond’s Gate”]

“A luz brilhando claramente pela neblina de sódio. A noite se aproxima e a luz do dia se esvai.” – assim foi dito por Andrew Eldritch em sua irrepreensível obra “Lights”. Ele, também, um dos que sarcasticamente zombava da luz. Zombava da “pseudo-fé” dos seguidores da luz. Mas será que, ao referir-se à luz, fala-se da entidade, do fenômeno, da companhia elétrica ou simplesmente da inocente e descompromissada alegria que causa inveja aos que residem na escuridão? Abram suas mentes, pois, uma vez aberta, assim como o esfíncter, ela nunca mais voltará ao tamanho original.

[Diamanda Galás: “Je Rame”]

Delimitemos o que seria, então, o caminho da luz. De acordo com minha vida e experiência de 22 invernos, o caminho da luz:

· Excomunga os que caminham na escuridão;

· Afirma desejar que a humanidade lhe siga;

· Faz uso de poderes da escuridão em nome da manutenção de sua própria glória;

· Domina mentes, se mostra belo e vistoso aos olhos de todos e invariavelmente responsabiliza à escuridão por suas próprias atrocidades.

Mas neste estranho panorama, agora que está delimitado o que caracteriza o caminho da luz, eu tenho algumas observações a realizar acerca de cada tópico iluminado. Primeiramente, parece-me extremamente estranho afirmar desejar todos sob a glória da luz, e ao mesmo tempo, excluir e execrar os que vagam pela escuridão. Estranho, mas coerente, afinal, nestas engrenagens de pensamentos, uma chave inglesa travou todo o funcionamento da máquina da seguinte maneira: SE não há luz para todos, a escuridão é absolutamente necessária. SE os que permanecem na luz calcam suas posições nas costas dos que vagueiam em trevas, elevar as trevas à condição de iluminação significaria perderem seu sólido e ebâneo alicerce. SE não faz sentido as trevas desejarem socorro por parte da luz, e muito menos sentido faz as trevas desejarem se igualar à luz, se faz necessária a destruição da luz.

[Therion: “Clavícula Nox”]

Sim, meus caros. As trevas hão de dominar, após a morte da luz.

[PJ Harvey: “Pocket Knife”]

E no mundo pelas trevas construído e dominado, a luz há de se curvar. A luz que hoje dá esmolas para afastar o remorso da consciência [e talvez o lixo humano da sociedade] haverá de se arrastar, descalça, suja e trajando trapos, nas estações de metrô por ela outrora freqüentadas. A luz que hoje desrespeita a individualidade e as idiossincrasias haverá de ter como único ponto de igualdade a dor eterna! A luz que hoje incinera o prostíbulo após o devasso e delicioso orgasmo lá obtido, haverá de encontrar seu destino com a genitália esmagada sob saltos agulha das mesmas prostitutas deformadas que lhe entregaram os corpos para a “negra luxúria”.

[The Sisters of Mercy: “Body Electric”]

E por que tudo isso, você deve estar se perguntando, não é? A resposta é simples, simples como beber água: Dor. A luz causa dor. A luz deve ser destruída em meio ao mar de dor por ela criado.

Relato de quem teve costas, joelhos e auto-estima feridos pela luz, e que hoje dedica sua existência à destruição da mesma.

Nine Inch Nails: “Closer”

sábado, 4 de outubro de 2008

O quarto é seu - I

[Björk: “Hyper-Ballad”]

Pai, Filho, Espírito Santo & Você.

Preto, branco, vermelho & Você.

Daniel Johns, Chris Joannous, Bem Gillies & Você.

Bronze, prata, ouro & Você.

Cristãos, judeus, islâmicos & Você.

Heterossexuais, bissexuais, homossexuais & Você.

Cronos, Mantas, Abadon & Você.

Sim, não, talvez & Você.

Vida, morte, coma & Você.

Cliff Burton, Jason Newsted, Robert Trujillo & Você.

Gestapo, SS, Totenkopf & Você.

H. 0.9, D.C., Johny & Você.

Contrabaixo, piano, bateria & Você.

[Christian Death: “Incendiary Lover”]

Na ida, na vinda, na volta & Você.

Oral, anal, vaginal & Você.

Bondage, submissão, sado-masoquismo & Você.

Céu, terra, Inferno & Você.

Inferno, purgatório, paraíso & Você.

Oi! , Oi! , Oi! & Você.

“Pornography”, “Disintegration”, “Bloodflowers” & Você.

“Kill’em All”, “Ride the Lightning”, “Master of Puppets” & Você.

Tônica, terça, quinta & Você.

Tônica, quinta, oitava & Você.

“Unforgiven”, “Unforgiven II”, “Unforgiven III” & Você.

Literatura ufanista, Ultra-Romantismo, Literatura Condoreira & Você.

Cachorro, gato tartaruga & Você.

Ré, dó sustenido, si & Você.

Altura, largura, profundidade & Você.

Hitler, Himmler, Mengele & Você.

Básico, intermediário, avançado & Você.

Esquerdo, direito, cu & Você.

Kurt Cobain, Krist Novoselic, Dave Grohl & Você.

Joe Satriani, Steve Vai, Yngwie Johann Malmsteen & Você.

K, W, Y & Você.

The Sisters of Mercy, The Sisterhood, The Mission & Você.

BlutEngel, Terminal Choice, Tumor & Você.

“Reign In Blood”, “Eternal Devastation”, “Master of Puppets” & Você.

Lealdade, Igualdade, Fraternidade & Você.

Unidade, Justiça, Liberdade & Você.

“Dummy”, “Portishead”, “Third” & Você.

Sexo, drogas, rock and roll & Você.

Coturnos, suspensórios, ultra-violência & Você.

Socialismo, Comunismo, Anarquismo & Você.

[Portishead: “Numb”]

Preto, branco, cinza & Você.

Dentro, em transição, fora & Você.

Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe & Você.

Pinga, açúcar, limão & Você.

Machucar, machucar muito, morrer & Você.

Vencer, perder, fugir & Você.

Dead, Euronymous, Varg Vikernes & Você

Anelar, médio, indicador & Você.

Bélgica, Suécia, Alemanha & Você.

Mayhem, Burzum, Darkthrone & Você.

Derrota, reflexão, superação & Você.

Eu, ela, ela & Você.

O quarto é seu - II

Tudo o que existe, existe de maneira hermética? As questões que se iniciam por “se”, seguem intercaladas por um “logo”, e terminam em um conclusivo ponto final; devem estas questões ser visualizadas enquanto intocáveis anátemas? A suástica estará eternamente associada ao Nazismo, e estarão eternamente amaldiçoados à incompreensão os seguidores de Ganesha? Eu me pergunto.
[Björk: “5 Years”]
Tudo está intima & irreversivelmente relacionado? Seria inconcebível a idéia “X”, que fosse contra conceitos pré-idealizados, simplesmente existir, não associada a nenhum outro valor semântico? Neste momento, me pergunto por que o Dadaísmo não uma matéria obrigatória na grade curricular do Ensino Fundamental. Talvez as pessoas conseguissem compreender as flores como flores, e não como “representações da capacidade sexual/frutífera das plantas”, ou outros inúteis, descabidos e perigosos preciosismos. Mas contento-me com a leitura de Alberto Caeiro, que também funciona bem contra este mal.
[Herb Alpert: “Bittersweet Samba”]
Poderia, ao acaso, existir uma transgressão de todas as regras estabelecidas? Bom, as chaves para a expulsão de Lilith do Éden, a maldição sobre a descendência de Eva & Adão, a Ordem dos Cainitas, o surgimento das vanguardas e muitos outros acontecimentos de extrema importância para o progresso da humanidade se deram em virtude da transgressão. Então, penso que deva haver uma razão para a inibição eterna da transgressão por parte daqueles que portam a luz (questões de luz e escuridão serão tratadas em um texto à parte). A manutenção da situação vigente, talvez? Sim, encontramos a resposta em uma sentença simples: SÃO-NOS APRESENTADOS NÚMEROS LIMITADOS DE ALTERNATIVAS PARA A MANUTENÇÃO DA SITUAÇÃO VIGENTE.
[The Birthday Party & Lydia Lunch: “Big Jesus Trash Can”]

[Adendo do exemplo: O jornalista, sociólogo e professor da ECA-USP Ciro Marcondes Filho trata deste panorama em seu “Violência Política”, de 1987, atendo-se aos meios de comunicação]

[Nine Inch Nails: “Wish”]
Eu, insuflado pelo teor político pré-eleitoral, poderia fechar os significados deste texto no âmbito político, mas ele se encaixa também em outros olhares. Todos os tipos de olhares.
[Marisa Monte: “Depois de Ter Você”]
Meus caros companheiros leitores, por muitas vezes visualizamos opções escassas à nossa frente. Mas a abstinência também é uma opção, e isso quase nunca é lembrado. Mostram a brincadeira das estelinhas vermelhas do Jason (cuidado com o “Domingo 13”); os urubus vestidos de azul; até o DEMO CRAvou suas mãos nas mentes de muitos (e olha que o representante máximo do DEMO CRAva as marcas de seus pés rumo ao topo do mundo com métodos quase totalitários), mas ninguém mostra que pode-se apertar o 00 e o botão verde. Cuidado com o Domingo Cinco! Há uma atriz muito bonita ensinando como entregar o controle de sua vida nas mãos deste ou daquele, ou mesmo como entregar sua escolha a là Tabula Rasa. Mas lembre-se: você não é obrigado a escolher entre os piores e os “menos piores”. Você pode simplesmente dizer não. Você tem o quarto caminho. E, se você quiser, o quarto é seu.

Metallica: “... And Justice For All”