Sou viciado em sexo. Quem me conhece há certo tempo sabe disso. Às vezes, preciso de sexo até quatro, cinco vezes ao dia. E eu falo de sexo sem amor. Sim. É estimulante. E gostaria de compartilhar alguns de meus pontos de vista em relação ao sexo, afinal, nem todos gostam tanto de sexo como eu. Um caso claro é o de minha digníssima. Ela odiava. Talvez, por vir de uma família religiosa que sempre o enalteceu como sendo algo muito bom. Mas o fato é que, com muita cautela, esta situação foi se alterando. Eu, sempre querendo compartilhar de meu vício incurável com ela, acabei por convencê-la de que seria um hábito agradável. Hoje, sempre que possível, rendemo-nos ao vício, coisa que a família dela simplesmente adorou. Minha mãe, igualmente viciada em sexo, me deu os parabéns quando lhe revelei minha vitória.
Eu citei o sexo sem amor, não é? Sim, por certo tempo, eu aboli o amor de minha vida, por saber de todas as coisas ruins que ele causa, todo o sofrimento a inocentes, dentre outros fatores que a grande maioria das pessoas sequer faz idéia. Hoje, eu tenho uma relação um pouco mais próxima com o amor, mas não tão direta, pois ainda mantenho muitos dos meus pensamentos de três anos atrás. Ainda evito contato direto com o amor, ainda me causa certa repulsa.
Mas é bom revelar que nem sempre este meu vício em sexo foi visto com bons olhos. Minha madrinha, quando eu, bem mais jovem, mostrava claríssima propensão ao vício em sexo, repreendia-me severamente. Dizia que aquilo não poderia ser bom para uma criança (mas você não gosta de sexo, madrinha?), que adultos possuem um organismo diferente e outras argumentações que definitivamente não me convenciam. Às vezes ela dizia que, o sexo com amor era até aceitável, mas o sexo puro, para uma criança, era inadmissível. A isso, respondia que, cientificamente, o sexo estimulava a atenção e até o condicionamento físico, o que, para alguém em idade escolar, era maravilhoso. Respondia que o sexo era bom para o desenvolvimento da economia nacional. Descobri, também, que “os adultos” preferiam trabalhar em locais que lhes permitissem ter acesso a um bom sexo de vez em quando e que, sabendo disso, algumas empresas ofereciam sexo durante o expediente. Eu, no auge de meus oito anos, achei sensacional! Sexo no local de trabalho... Como este mundo está moderno...
Agora, mudando completamente de assunto, o tema “café” também não me sai da cabeça. Sim porque certa vez ma falaram sobre o café puro, pureza, limpeza, castidade do café... Enfim. Por que o café puro é o café misturado ao leite? O café puro não deveria ser somente “o café”? Definitivamente, estas construções ideológicas que o povo e a cultura fazem sobre o café, talvez por pudor ou ignorância, realmente me enojam. Por que tanto barulho? Por que não permitir que o café seja simplesmente o café? São tantas coisas que ouço a respeito desde criança que, francamente, me desespero. O café é o caminho mais rápido para cair nas mãos de Satanás; o café é a profanação do templo de Deus; o “café solitário” causa espinhas, pêlos nas mãos, crescimento de mamilos nos homens, loucura, transforma as mulheres em excluídas sociais; tudo isso. E sabe por que eu tenho pensado a respeito do café? Pois bem, no próximo parágrafo, eu explico.
Estava eu a conversar com uma amiga (digna de ser amada) sobre café, café com leite, café sem leite e os diferentes prazeres de cada um deles; e é interessante ver todos os liames sociais relacionados ao assunto. Ela afirmou nunca ter feito café sem leite, que o leite era imprescindível (depois, ela ainda baixou um pouco a guarda, dizendo que poderia haver mais café que leite, mas o leite ainda era absolutamente necessário para se degustar o café!). O café puro sempre parecerá impuro, e isso infelizmente é uma anátema. Infelizmente.
Mas eu pergunto a mim mesmo: por quê? Qual é o grande mistério que faz do café algo tão intocável, amaldiçoado e enfim. Não é pelo café que a humanidade permanece neste bendito planeta? Então, por que condená-lo? O café não é, infelizmente, responsável por uma boa porcentagem da economia nacional? Então, por que a máscara da hipocrisia insiste em permanecer nas faces ruborizadas pela cafeína? Todos gostam de café, seja entre iguais ou diferentes, todos gostam de café. Alguns preferem o café fresco, outros preferem o café forte e fervendo, mas ninguém vive sem ele, literalmente.
Então, chego a uma conclusão interessante. Seja falando de sexo ou de café, acabo caindo nas verdades absolutas e nos assuntos intocáveis. As anátemas somente atravancam o desenvolvimento e a curiosidade para o aprendizado. Por que gostar de sexo? Por que gostar de café? Porque sim? Porque sim não é resposta... A resposta é: porque sexo é bom, com leite ou não. E café é bom, com amor ou não.
Agora, com licença, acho que vou tomar um sexo ou fazer um café...
Nasty Angels: “Sexo Sucio”